Prezado amigo:

Em que pese nunca termos nos encontrado
pessoalmente, tomei a liberdade, depois de
tantos anos, de elegê-lo meu grande amigo.
Por que o fiz? Simples, ao contrário do que
ocorre com a maioria das pessoas que se
aproximam uma das outras por interesse,
seja ele qual for, você não. Nunca. Jamais
vi em você qualquer interesse que não o meu
bem estar.
No mundo atual, onde pessoas politicamente
incorretas,desprovidas de senso moral, ética
e sem o mínimo de amor ao próximo proliferam
e dominam os demais, você se destacou como um
ser singular, dotado de conduta moral e amor
ao próximo tal, que não se vê em nenhum outro
ser vivo. Aliás, fiquei sabendo das coisas boas
que você andou aprontando por aí, tais como:
cuidar daquela menina com câncer, aquele garoto
na cadeira de rodas, os jovens que protegeu dos
malfadados traficantes e até daquele homem
que disse odia-lo. Bem, me parece que você andou
um bocado ocupado, não é? Ainda bem que você pode
e quer fazer toda essas coisas, pois, no mundo
conturbado de hoje, onde proliferam o ódio e a
insensatez, nós pobres vítimas de nossa irracional
e medíocre existência, precisamos de um porto seguro
e uma mão amiga.
Durante todos esses anos, apesar de nunca tê-lo
encontrado frente a frente, notei que frente às
tempestades que a vida nos trás você sempre foi meu
porto seguro e jamais deixou de estender-me a mão
nos momentos mais difíceis da minha conturbada vida.
Sei que você é por demais ocupado, e o fato de se
preocupar com meus problemas e minha saúde, me deixa
lisonjeado e reacende em minha alma a fé no futuro,
que a tanto tempo perdi pelos caminhos de pedras que
a vida me reservou. Não, ainda não tive o prazer de
conhecê-lo pessoalmente, mas soube que seu filho andou
por essas bandas e assim como você, buscou amenizar de
alguma forma, o sofrimento daqueles que o procuravam.
Disseram-me, também, que por algum motivo ele foi mal
compreendido em sua ânsia por ajudar ao próximo e depois
de uma farsa jurídica, condenado. Sei que, ao contrário
de nós, você não é vingativo, no entanto, acho que ninguém
o culparia por uma demonstração de desagrado de sua parte.
O seu silêncio em relação ao fato ocorrido, já demonstra a
magnitude de seu coração e o carinho que você tem pelas
pessoas a quem ama.
Há quem me chame de louco e diz que você não passa de
um fruto da minha fértil imaginação. Não me importo. Sei
que você sempre foi muito popular e com certeza, além de
mim, tem muitos amigos por toda parte deste nefasto mundo.
Existem pessoas, ditas religiosas, que o tem como um ser
carrancudo, que não sei porque, ameaça condenar os filhos
ao sofrimento e à danação eterna. Então, me pergunto: Que
pai em sã consciência faria uma coisa dessas? Nenhum.
Algumas pessoas o chamam de Deus, eu, no entanto, com
todo o respeito e admiração que tenho por você, prefiro
chamá-lo simplesmente de... Amigo.
Até um dia... Meu amigo!