“Todos os anos”
Todos os anos,
No dia do meu aniversário,
Sinto que o tempo me escapa,
Fugindo sutilmente por entre os dedos,
De minhas mãos já tão enrugadas.
Todos os anos,
Quando chega o dia do meu aniversário,
Percebo com intensa agonia e tristeza,
Que aqueles pensamentos e desejos.
Tão importantes num passado remoto,
Perderam-se por entre a bruma do tempo.
Todos os anos,
Ao comemorar mais um aniversário,
Faço em minha mente um tanto cansada,
Uma viaje através da linha do tempo,
Em busca de paixões há muito esquecidas,
Varridas tal qual dunas de areia no deserto,
Pelo vento constante e inclemente do tempo.
Todos os anos,
Quando viro mais uma pagina do livro,
Que conta a história da minha atribulada vida,
Percebo, para meu espanto e grande tristeza,
Que restam poucas páginas para escrever,
Os capítulos finais de uma vida tão intensa.
Todos os anos,
Já com a neve do tempo tingindo de branco,
Meus ralos cabelos que um dia foi escuro,
Deixo-me levar suave e despreocupadamente,
Através do espaço-tempo como num sonho,
Vagueando através de um mundo de ilusões,
Em busca de sonhos, desejos e grandes paixões.
Todos os anos,
Quando completo mais um aniversário,
Percebo que a missão está quase cumprida,
Falta pouco pra completar mais um dia,
Terminar com louvor a grande tarefa,
Tarefa que cumprimos por toda a vida,
Seguir em frente e ir para a grande casa,
Para nosso lar, uma nova vida e nova morada.