- See more at: http://acervotutoriais.blogspot.com.br/2013/11/acervo-tutoriais-como-colocar-caixa-de.html#sthash.Fcv1aiKT.dpuf

terça-feira, março 20, 2012

A Religião: Oração e Fé ~ José Carlos Leggiero Escritor

A Religião: Oração e Fé



Naquela tarde de Domingo, Gustavo preparou-se para receber alguns amigos para uma reunião de bate-papo e troca de informações, como fazia desde o tempo que estudavam juntos na Faculdade.
A reunião estava marcada para as l7h. 00, mas, às 16h35 dois deles chegaram, era o Marcos e sua namorada Anabela – que moravam num bairro distante – e ficaram com medo de chegarem muito tarde, pois tinham que atravessar a cidade. O Marcos, como bem sabe Gustavo é muito CDF e detesta atrasar ou faltar a qualquer compromisso a não ser por motivo de doença e assim mesmo apenas se não puder se locomover. Às 17h05 h., chegaram o Davi, a Marisa e o Cláudio. Finalmente, as 17h15h, chegaram o Ciro e sua namorada Beatriz, encerrando a lista de convidado.
Todos, incluindo o Gustavo, se acomodaram à enorme mesa que havia na sala de jantar e deram inicio ao bate papo que a principio tornou-se apenas um burburinho com pessoas falando assuntos diferentes, até que, Marcos – O chato- propôs que escolhessem entre dois temas o assunto do dia, pois assim, tirariam melhor proveito da reunião. Aceita a sugestão, entre Política e Religião, venceu a Religião, pois ninguém queria saber de falar sobre política.
Depois de feito um sorteio, o Cláudio ficou encarregado de conduzir o debate, tendo autoridade para dar ou não a palavra a alguém, assim como interromper quem estiver com a palavra se o assunto se desvirtuar ou se tornar inconveniente de alguma forma. A ele foi dado o papel de mediador, mas isso impediria que ele desse seu parecer pessoal ou fizesse alguma pergunta pertinente ao assunto em questão.
Seguindo a posição das cadeiras, da direita para a esquerda, a primeira a falar seria Marisa. E assim, após alguns segundos ela começou a expor seu ponto de vista:
- Acredito na religião que meus pais me batizaram, e não há dúvida que se ela foi boa para eles também será boa para mim. Sou católica apostólica romana e procuro, sempre que possível, ir à missa ou a algum evento que a igreja promova. Nessas ocasiões, faço minhas orações de forma simples para que Deus me entenda.
- Mas, você faz suas orações apenas quando vai à igreja? Perguntou Cláudio.
-Não, antes de dormir, também faço uma oração.
-Bem, agora vamos ouvir o Davi – Disse Cláudio.
- Bom, também sou católico, mas não tão dedicado quanto a Marisa. Costumo ir à missa no máximo uma vez por mês e rsrsrs... Se não estiver chovendo. Neste caso deixo para ir o mês seguinte. Quanto a orar, às vezes, quando estou com algum problema muito sério, peço a Deus que me oriente. Ou então para agradecer pelo problema ter se resolvido por si só. Levo uma vida agitada, tenho pouco tempo para me dedicar a qualquer atividade que não seja trabalho ou estudo.
- Beatriz, agora é sua vez, disse Cláudio.
Beatriz tomou um gole do suco de laranja que havia sido colocado pelo Gustavo, limpou a garganta e começou a falar: Minha família e eu somos de uma igreja protestante. Na verdade, espero que não seja problema para vocês, o fato de eu ser de outra igreja que não a de vocês. Certo? Perguntou.
- Não! Responderam todos.
- Bem, na minha igreja temos um compromisso com Deus e em tudo que fazemos, procuramos louvar o nome Dele. Procuramos sempre levar a verdade àqueles que não a conhecem.
Nesse ponto, o Ciro não se conteve e disse: Pode parar! Quem disse que a sua igreja é a única verdadeira, ou melhor, dona da verdade?
- Calma, disse o Cláudio. Deixe-a terminar de falar.

- Bem, disse Beatriz, não quis ofender ninguém, acho que eu não soube me expressar. De fato o termo correto seriam os ensinamentos da palavra de Deus. Peço desculpa se ofendi alguém, nós apenas gostamos de falar com as pessoas sobre as palavras de Deus e o poder da oração. Na verdade, como qualquer outra igreja, procuramos respostas para nossas dúvidas nos livros da Bíblia.
Ciro levantou-se, pediu desculpas para a Beatriz – que foram aceitas- pelo seu comportamento inadequado, sentou-se, e ia mastigar um salgadinho quando o Cláudio disse: Bom Ciro, já que está com a palavra é a sua vez.
-Bem, começou Ciro, meio constrangido, na verdade sou católico, mas quase nunca vou à igreja a não ser no final do ano ou quando há alguma missa de sétimo dia de algum amigo que faleceu. Leio a Bíblia sempre que possível, mas, sigo apenas o que o padre da paróquia manda. Na verdade, reconheço que sou um péssimo exemplo como católico, mas não sou de ficar orando o tempo todo e quando o faço é sozinho, acreditando que Ele está me ouvindo. Mesmo porque, Jesus ensinou que a oração deve ser feita em local apropriado, de preferência só e em silêncio. E é só o que tenho a dizer. Obrigado.
A palavra foi devolvida ao Cláudio, que imediatamente passou a palavra para Anabela.
- Bem, começou Anabela, sou católica praticante, vou à missa todos os domingos, confesso e comungo periodicamente e faço trabalho voluntário na creche mantida pela igreja do bairro. Quanto à oração, gosto de fazê-la sozinha, na solidão do meu quarto, que é onde em sinto em sintonia com o Criador. E é só.
A palavra foi então passada para o Marcos, que aquela altura estava com um sorriso maroto.
- Na verdade, vocês sabem que sou ateu, então não tenho muito que falar. Tenho sim, uma fé inabalável na ciência, pois ela traz cura ou pelo menos ameniza o sofrimento do ser humano quando doente. Novas tecnologias trazem melhor qualidade de vida e com isso maior longevidade. O resto, para mim, são apenas fantasias inventadas pelo homem para justificar o aparecimento da raça humana. Não acredito em deuses ou demônios, só creio na evolução da ciência, e fim de papo.
Agora, seguindo a ordem, o Cláudio faria seu comentário a respeito do assunto em pauta.
- Bom pessoal, começou, na verdade sou Budista. Meus pais são de uma religião que freqüentei durante muitos anos, mais para agradá-los do que por minha vontade. Um dia, um amigo me levou para um templo budista, me apresentou a filosofia e aos fundamentos que norteiam o modo de vida para atingirmos a iluminação. Gostei da forma como os budistas vêem a vida, da reencarnação como um aprendizado e não como castigo, do amor e do respeito a todos os seres viventes. Na verdade, me tornei uma pessoa melhor do que quando andava com uma Bíblia embaixo do braço, mas não colocava em prática seu ensinamento. Hoje sou muito mais feliz. E é só.
-Acho que agora sou eu, não é? Perguntou Gustavo.
-Lóóóóóógico! Responderam todos.
- O depoimento que todos deram, foi muito produtivo, visto a diversidade de crenças aqui presente. Muito se falou sobre religião e variadas formas de orações; até mesmo um ateu deu sua contribuição para a evolução do debate, demonstrando o quão importante é a liberdade de crença de cada um. Mas, o mais interessante é que quem mais se aproximou da palavra mais importante do assunto em pauta foi um ateu.
O rosto do Marcos se iluminou com um sorriso mais que maroto, pois aquilo dito daquela forma e partindo do Gustavo soava como um grande elogio. Mas no seu interior, uma pergunta não saia da sua cabeça: “O que o Gustavo queria dizer com isto?”.
- Gente, a palavra mais importante em pauta é: Fé.
- Mas, quem é religioso e ora constantemente é uma pessoa de fé, ou não? Perguntou Beatriz.
- Não exatamente, respondeu Gustavo, e a melhor maneira de explicar é contando uma historia que envolva as três palavras. “Certa vez, uma mulher procurou o Rabino de sua comunidade e desesperada lhe pediu ajuda”.
- Rabi, disse ela apavorada, o senhor precisa me ajudar. O senhor precisa salvar a vida do meu filho que se encontra muito doente. Tenho ido ao templo varias vezes ao dia, e orado outras tantas vezes pedindo a cura do meu filho, mas não há resultado e ele piora a cada dia.
Após fechar os olhos e pensar por alguns instantes o Rabino disse: Vá para o campo e escolha uma pequena arvore, arranque-a do solo, corte sua raiz e jogue no rio mais próximo. Em seguida, replante seu pequeno tronco na terra e regue-o cinco vezes por dia durante três dias. Após esse tempo, venha ver-me.
A mulher correu ao campo desesperada em busca de uma pequena arvore, e assim que a encontrou, seguiu a risca a orientação do Rabino. Durante três dias, a mulher regou o tronco cinco por dia, mas no final do terceiro dia, ela notou que o tronco e todas as folhas estavam morrendo apesar de todo seu esforço. No quarto dia, ela voltou e contou para o Rabino que apesar do seu esforço a pequena arvore morrera. Foi então que o Rabino lhe disse que religião, oração e fé são como a arvore. A raiz é a fé; o tronco a religião e as folhas são as orações. Sem a fé (raiz) de nada vale a religião (tronco) e muito menos as orações (folhas). Vá para casa, tranque-se em seu quarto, faça apenas uma oração com toda fé que há em seu coração e com certeza Deus te ouvirá. Esqueça as folhas e o tronco, preocupe-se apenas com a raiz da arvore.
Dias depois, a mulher retornou para agradecer ao Rabino, pois seu filho estava curado.
- Mas, uma pessoa sem fé não vai se preocupar em fazer orações. Disse Beatriz
- Aí é que você se engana, muita gente ora por orar, apenas para acompanhar os demais que estão na igreja. Disse o Cláudio.
Então, o burburinho se tornou um bate boca generalizada, cada um dando sua opinião a respeito. Mas, já era tarde e de comum acordo, resolveram adiar o assunto para um outro dia qualquer.
Ciro e Beatriz estavam no a caminho de casa quando ela se lembrou que com toda a confusão o Gustavo não falou de que religião era e ao comentar com o Ciro, este pensou “É o danado se safou novamente”.




FIM
Comentários
0 Comentários

0 comentários:

Tecnologia do Blogger.