Ainda soa forte,
Em meus ouvidos,
O som estrondoso,
Da porta do carro,
Batendo e se fechando.
Claro, não tive tempo,
Nem reflexo para falar;
Você estava raivosa e,
Não pude me explicar.
Na verdade, fiquei sentado,
Olhando através do vidro,
Ainda embaçado pela chuva,
Que fora momentos antes,
Nossa cumplice, nossa testemunha.
O som do salto alto,
Do seu sapato vermelho,
Pisando com força e ligeiro,
Não sai do meu pensamento.
Arrependimento? Claro que sim.
Acho que deveria ter sido,
Um pouco mais tolerante,
Menos arrogante, e, menos fingido.
O motivo da nossa briga,
Já não me recordo mais,
Perdeu-se na névoa do tempo,
De tempos que não voltam mais.