“O racha”
O corpo coberto por plástico branco,
estendido inerte sobre o negro asfalto,
o sangue já seco tingindo de vermelho,
o negrume do piso frio e molhado.
A pele ainda jovem que perde aos poucos,
o viço da juventude e a cor rosada que,
horas antes demonstrava vida.
Silêncio... É a única coisa que emana,
daquele ser que ainda muito jovem,
jaz inerte sobre o asfalto negro e gélido,
contrastando em relação à horas antes,
quando a vida pulsava no corpo imberbe.
A cor amarela acinzentada que aos poucos
toma conta do corpo machucado e estendido,
transmite uma visão lúgubre e um sentimento
que denota desespero, tristeza e compaixão.
Horas depois, devidamente acondicionado
em caixão de madeira e recoberto de flores,
cercado por murmúrios e choro de pesar,
descansa o corpo que ainda muito jovem,
teve sua vida, futuro e sonhos ceifados,
por um acidente idiota por ele provocado.
Sim,corpo jovem de um jovem saudável,
Que antes embalava sonhos de amor,
que tinha a esperança de um futuro melhor.
Futuro que para ele terminou ali,no asfalto,
no frio da madrugada,entre as ferragens de
seu carro , envolto em seu próprio sangue,
na fria madrugada de inverno,num racha,
pelas ruas e avenidas,onde jovens ensandecidos
colocam em risco não apenas suas vidas,
mas também o futuro de toda sua geração.
Triste!?Trágico!?Chocante!?Pode ser que sim,
Mas é , também , a triste e cruel realidade,
que faz parte constante do cotidiano e da vida
desregrada, irresponsável e acelerada dos nossos
jovens contemporâneos.
FIM
02/06/2007