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quarta-feira, janeiro 10, 2007

“ A praia “ ~ José Carlos Leggiero Escritor

“ A praia “



A muitos anos atrás, fui convidado por um casal de amigos para passar a ultima semana que me restava de férias, na chácara deles em Ilha Comprida,litoral sul de São Paulo.Ótimo lugar para se livrar do stress,já
que naquele tempo as praias da ilha eram isoladas e fora de temporada não havia nelas viva alma,enfim,era o próprio Paraíso na Terra.
Tudo transcorreu maravilhosamente bem,até que certo dia pela manhã
resolvi que passaria o dia sozinho no ponto mais distante e isolado que
havia na ilha e,munido de todos os apetrechos de praia,que incluíam desde cadeira de praia com guarda sol,lanches,hidratante,protetor solar
e ...Lógico isopor com gelo e a cervejinha....hehehehe...afinal ninguém é de ferro.Assim,carregado feito uma mula que sobe as montanhas levan-
do mantimentos e utensílios para os mineiros,lá fui eu,todo feliz da vida rumo ao Paraíso praiano.
Atravessando a mata por um caminho estreito durante mais ou menos meia hora,cheguei a uma praia maravilhosa,onde suas águas quebravam suavemente sobre a areia branca e escaldante,tendo ao fundo o verde brilhante da mata que contrastava com o azul brigadeiro do céu.
Tudo transcorreu da forma prevista,com banho de mar,de Sol,interca-
lado com lanche e cervejinha,lógico.A certa altura,com o Sol já muito além do Zênite,lá estava eu imerso naquelas águas quente,boiando sua-
vemente entre as pequenas ondas,sentindo-me o próprio Netuno,o Rei dos Mares,o Príncipe das Marés...hehehehe...Ops!De repente senti como se alguém me chamasse ,apenas um sussurro misturado ao barulho das ondas do mar,mas com certeza era um chamado.Olhei em direção a praia e,nada.Será que meus pensamentos egocêntricos e narcisistas haviam de alguma forma despertado a ira de Netuno?Não,claro que não.Resolvi olhar mais atentamente em direção ao mar e,Uhm....estranho,um barco vinha em minha direção impelido pelas pequenas ondas e dentro dele uma garota acenava pedindo ajuda.Perplexo,corri em sua direção e ajudei-a puxar o barco em direção a praia .Lá chegando,ela deixou-se cair sobre a areia e disse:
-Olá,desculpe-me,é que o motor do barco parou e como vi que havia alguém na praia,resolvi pedir ajuda.
Desculpa-la? Hum.....Acho que o Sol escaldante a enlouquecera,pois eu é que deveria pedir desculpas por estar na presença de tão encantado-
ra Deusa que veio do mar.Sua beleza era estonteante;era morena,com lindos olhos verdes que se destacavam sobre ocorpo bronzeado e tornea-
do.Na verdade, parecia esculpido a mão pelo melhor dos escultores, e tudo isso colocado dentro do menor biquíni que se possa imaginar.O nariz afinado apoiava-se sobre lábios carnudos,sustentados por um queixo perfeito,enfim,nem Netuno conceberia uma filha tão bela.
-Você pode olhar?Ela perguntou.
-ah...Quem eu?Já estou olhando...quero dizer,o que? Disse-lhe um tanto quanto apatetado.
- O motor,ué! Ela disse.
-Motor?Que motor?.....Quero dizer o que tem ele? 02
-Não sei,estava tudo bem e de repente ele começou a fazer.....Puft!...
...Puft! ...Puft!...Puft!...e parou de funcionar.Você entende de motor?
Perguntou .
-Claro!Bem...quero dizer...um pouco,na verdade muito pouco.Respon-
di todo atrapalhado.
-Ah..moço,por favor,dá uma olhadinha pra mim?
Esse foi o golpe de misericórdia , saltei para dentro do barco e fui direto ao famigerado motor e com um sentimento de herói bradei
:- Pode deixar comigo,eu dou um jeito !!!!
Durante alguns minutos,fiquei olhando para aquela geringonça,que nunca vira na vida.Humn...pensei..se queima combustível tem que ter vela,mas.....onde está?Minutos se passaram,até que .....opá!.....achei a dita cuja.Após retirá-la,verifiquei que estavam suja de óleo e com o pólo um pouco fechado.Limpei as velas , queimei com gasolina retirada do barco e regulei os pólos com uma lâmina de uma pequena faca e a recoloquei no lugar.
-Ei garota!Gritei.Entra no barco e dá a partida no motor.
Rapidamente,ela entrou no barco,enrolou uma cordinha numa polia ao lado do motor,deu um puxão e.......vrum...vrum...vrum....puft...puft.....puf..
..e nada!Enrolou novamente ,puxou e....vrum...vrum...vrum...desta vez o bicho ronronou como um gatinho.
Virei a proa do barco em direção ao alto mar,foi quando ela inclinou-se na lateral do barco e beijou-me o rosto,dizendo: - Você é meu herói!!
Acelerou o motor e foi-se mar adentro,virando de tempo em tempo para mandar beijinhos e tchauzinhos
Durante algum tempo ,fiquei ali,parado,vendo o barco desaparecer no horizonte,na esperança que ela voltasse e .....Ops!Percebi que a maré havia subido,olhei para a praia e...Puts! Era o caos,havia cadeira,isopor e guarda sol girando pela praia no quebrar das ondas.
Meia hora depois,quando já havia recolhido e colocado em lugar seguro todos os objetos,dei uma ultima olhada em direção ao mar e.........
..decepção! Nada, apenas a luz do Sol poente dançava sobre a crista das ondas num vai e vem desenfreado.Fui embora desconsolado e não contei a ninguém o que ocorreu naquela praia paradisíaca .
Ao acordar na manhã seguinte,perguntei-me se não teria sido apenas um sonho,mas,no íntimo sabia que fora verdade,pois sentia no rosto o ardor do beijo dela.
Nunca mais a vi,sequer soube seu nome,mas jamais a esqueci e desco-
bri que a vida é feita de retalhos de grandes paixões e pequenos amores e ao costurá-los confeccionamos uma colcha que conta nossa vida. Num desses retalhos , pelo menos uma vez na vida,por um breve período fui um...herói do mar.


FIM
Ligeri@Bol.com.br 20/12/06
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